3.07.2005

A Beleza

A beleza foi algo pela qual muitos homens correram, ainda correm e continuarão a correr.
Ela faz o homem percorrer o caminho, procurar e desvendar muitos mistérios.
Ela é o que procuramos nos outros e em nós mesmos. É esse o mistério que Deus colocou em cada um. E Ele pede que o alcançemos...
Em alguns de nós, a beleza está tão evidente que nos faz desde logo glorificar a Deus...
Em outros ela é escondida e a sua descoberta depois de muito esforço, concede-nos um saborear e um deleite extraordinários.
O mais bonito disto é que em cada aspecto de cada um existe esta beleza Divina, mais evidente ou mais escondida. E com mais ou menos trabalho, a alegria do seu encontro é sempre um encontro de paz e de alegria, porque o tesouro que se sabia escondido ou ofuscado foi encontrado.
Neste tocar do mistério a vida acontece e dá-se a conhecer...
Procura e encontrarás... a beleza em ti escondida.

5 Comments:

Blogger Cátia Sofia Tuna said...

Comentário ao texto "A Beleza", do Miguel
Em primeiro lugar peço desculpa se isto, que é um comentário, não está no sítio devido dos comentários. Isto tudo porque tenho uma certa alergia a computadores.

Mas em segundo lugar, e agora infinitamente mais importante e sério, aqui vai o meu comentário. A palavra "beleza" é, simplesmente, bela... Mas na verdade eu assumo que vivo muito de aparências. Aliás, quanto mais consciência tenho que a beleza é algo importante e me deixo perder e encontrar no "deleite extraordinário" que me concede, maior é a consciência de que dou um valor absurdamente exagerado às aparências, o ficar-se pelo aspecto físico de algo, desde a cara de uma pessoa ao preconceito de uma ideia, e que nunca pode ser o critério último da verdade. Lembro-me por exemplo de quando deixei a minha turma do 12º, em que éramos cerca de uma dúzia de jovens brincalhões, e comecei a estudar à noite numa turma de trabalhadores estudantes (a maioria) ou reformados, com dez, vinte, trinta, quarenta anos a mais que eu. Nos intervalos quando conversava com eles recordo-me que fazia por vezes o exercício de imaginar que aquele colega de, por exemplo, quarenta anos, tinha o rosto de um jovem, assim como o modo de vestir e o tom de voz. Descobri que, e acredita que é preciso ter alguma humildade para dizer isto, os mesmos conteúdos que o meu colega dizia no diálogo eram muito mais atraentes e interessantes do que pensava. Ou seja, se considerasse só o teor, o "em si" das palavras que o meu colega me dizia, abstraindo-me do facto que isso seria de esperar de uma pessoa com uma postura madura, mais formal e adulta, elas teriam uma maior capacidade de me surpreender, interessar e sensibilizar. Entristece-me saber que sou assim, tão superficial.

Quando tinha cerca de 14 anos escrevi esta frase: "A oração é uma maternidade da beleza". Encontrei-a recentemente num dos meus cadernos da escola. Não sei ao certo o que me levou a escrevê-la. Mas se reparares bem, colocando de lado o facto dela ser um pouco esquisita, e fizeres da tua oração um acto em que reconheces e conheces cada coisa bela que Deus põe na tua e vida, e através da qual Ele é beleza... bolas, vais descobrir que ela (a beleza) faz de cada uma delas um poço infinito, sem fundo, e sempre cheio, sempre a entornar um sabor, também ele infinito!!! Uma vez conversei com a vendedora de flores que está por vezes em frente à porta do metro do Campo Grande, enquanto esperava pela camioneta. Quando me fui embora ela ofereceu-me uma gerbera amarela, grande, garrida, cheia de vigor. E eu, durante toda ou quase toda a viagem (de meia hora, mais ou menos) olhava para ela, sem me cansar. Olhava para cada pétala, imaginava o carinho detalhado com que Deus tinha criado aquela planta, com aquela seiva, com aquela cor, com cada um daqueles átomos, para ser aquela gerbera amarela, que a senhora vendedora de flores me tinha dado e não outra plantinha qualquer do mundo! Nesta quase "tensão" não conseguia parar de contemplá-la, porque a planta nunca parava de ser bonita! "A vida é bela... e já me canso de tanto repetir, diz a flor. E morre. Jacques Prévert". As coisas estão incessantemente a repetir o quanto o nosso Deus, que é a vida, é belo. Mas contei-te isto não porque seja algo de extraordinário! Tenho aqui à minha frente a mesa do computador e sobre ela está o meu telelmovel, uma disquete, um CD, a bateria da câmara de filmar com os fios desalinhados, etc. E agora olho para, por exemplo, aquela parte da disquete que é de metal, ou, pelo menos, metalizada (acho eu). A luz bate nela. E é simplemente lindíssimo ver o brilho baço. E talvez é bonito pelo facto daquilo ser assim porque é assim, e só por ser é lindo! Havia, ou há, na paragem onde eu apanhava a camioneta a maior parte das vezes para ir para a faculdade um senhor idoso que, provavelmente porque era reformado e não tinha nada para fazer, estava lá sentado no banco. Sabia o horário das camionetas todas de cor e um dia eu perguntei-lhe se já tinha passado aquela que eu precisava. O senhor lá me respondeu, e enquanto ele falava eu reparei na pele dele, com rugas, ligeiramente queimada e suja, também um pouco gordurosa, com pontos negros, etc. Repara que eu estou a tentar dizer isto com "dignidade", porque de facto foi um acontecimento que, no modo como o interpretei, esteve cheio dela. Mas, no fundo, olhando-a com olhos puros, apercebo-me verdadeiramente que a pele desse senhor é linda. Porque é uma pele, matéria, corpo, algo que existe, algo que é mundo. O encontro com a beleza de algo, ou antes, com a beleza de Deus através de algo, acontece num exercício de pureza, em que olhamos ou tocamos em qualquer coisa como se fosse a primeira vez. A beleza não é rosto sim, rosto não, pessoa sim, pessoa não, acontecimento sim, acontecimento não, tal como a vida não é dia sim, dia não (Mafalda Veiga - Restolho). A beleza é o "sim" que existe em cada coisinha, e que a faz ser essa e não outra (e um "sim" de Deus!). Por isso não estejamos à espera dela, porque se tem de se ir á luta, á procura com atrevimento e até rebeldia! E foi esse "ir à descoberta" que tu, Miguel, descreves-te muito bem no teu texto, acho eu.

Não sei o que este comentário poderá parecer... infantil, sentimentalista, confuso... não sei! Mas também não me vou preocupar muito com isso. Tentei fazer o melhor e fico contente por ter gasto assumidamente parte da minha sexta à noite e parte do meu início de tarde deste sábado exclusivamente com um amigo. Porque os amigos são, acho eu, o mais importante do mundo. E, como dizem as criancinhas, Jesus é o meu melhor amigo. Há no entanto várias coisas que não consegui mesmo explicar... Falei na beleza das coisas e das ou dos corpos das pessoas, mas não falei da beleza das pessoas "em si". Ou melhor, de cada pessoa "em si", que me porporcionam com certos comportamentos e com certas palavras, isto é, naquilo que, da sua identidade viva, rica, única e maravilhosamente misteriosa, vão deixando pelos recantos do mundo, "neste tocar do mistério" em que "a vida acontece e dá-se a conhecer", momentos muito belos, que ocorrem sempre que eu quero, ouso contemplar o outro e avistar o tal "tesouro" de que falavas. Lembro-me por exemplo, daquelas crianças muito mal comportadas, mesmo muito, que só fazem disparates. Mas imagina que nós somos muitos amigos dos seus pais, e quando olhamos para elas não sabemos ver outra coisa senão as características que ela tem dos nossos amigos, deliciando-nos com isso, ou pensar nos desabafos que eles partilharam connosco acerca da dor que sentem pelo filho ser assim, sem perceberem muito bem porquê. É exactamente nisto que eu me tento auto-educar; só querer ver, quando olho para alguém, as características mesmo ínfimas que tenham de comum com o pai Deus e saborear essa "beleza divina", ou pensar na dor que Ele sente por ter estes filhos traquinas, cruéis até. É mais ou menos assim que vou conseguindo ver em cada pessoa beleza, sempre que quero ou que Deus me dá esse dom, seja ela um deficiente profundo, um terrorista, ou o David Beckam.

Bem, só resta agradecer-te por me possibilitares um reflexão sobre a beleza e dizer também para comentares se Kiseres o meu comentário.

Sunday, March 13, 2005  
Blogger Cátia Sofia Tuna said...

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Tuesday, July 19, 2005  
Anonymous Anonymous said...

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Wednesday, June 07, 2006  
Anonymous Anonymous said...

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Wednesday, July 19, 2006  
Anonymous Anonymous said...

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Saturday, July 22, 2006  

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